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Pré-SEMANA

20 anos: Que Geografia construímos?

29 de maio de 2018 (terça-feira), dia do geógrafo

A criação do curso Geografia da Unicamp foi aprovada em sessão do Conselho Universitário de 15 de julho de 1997 (UNICAMP, 1997), concretizando os esforços de diversos geógrafos. Em 1993, durante o I Encontro Paulista de Ensino de Geografia, organizado pela Associação dos Geógrafos Brasileiros, foi encaminhada uma moção com a assinatura de mais de quinhentos geógrafos favorável à criação dos cursos de bacharelado e licenciatura em Geografia na Unicamp.

 

A proposta foi encaminhada pelas professoras Arlete Moysés Rodrigues, Regina Célia Bega dos Santos e Maria Tereza Duarte Paes, então lotadas no Departamento de Sociologia do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, e pelo professor Archimedes Perez Filho, da Faculdade de Engenharia Agrícola, então pró-reitor de extensão e assuntos comunitários da Unicamp, e acolhida pelos docentes do Instituto de Geociências, que tinham a intenção de criar um curso de graduação em Geologia (NASCIMENTO, 2010, pp. 155-171).

 

Vale lembrar que curso de Geografia já era oferecido em Campinas desde 1942, pelas antigas Faculdades Campineiras -- atual PUC-Campinas -- tendo tido em seu quadro docentes grandes geógrafos como Aziz Nacib Ab’Sáber (1924-2012) e Antonio Christofoletti (1936-1999), mas não era suficiente para atender a crescente demanda por professores de Geografia na região de Campinas.

 

O ingresso da primeira turma de Geografia da Unicamp ocorreu em 1998. Até 2011, o ingresso no curso diurno de Geografia, modalidade bacharelado (54), deu-se conjuntamente com o curso de Geologia (53), por meio do curso de Ciências da Terra (52), que correspondia a um conjunto de disciplinas introdutórias e obrigatórias a ambos os cursos, conhecido como “núcleo comum”. Entre 1998 e 2002, eram oferecidas 30 vagas anuais nesse curso, além de 30 vagas no curso noturno de Geografia (55), modalidades bacharelado e licenciatura, totalizando 60 vagas anuais. A partir de 2003, as vagas do curso diurno foram ampliadas para 40, totalizando 70 vagas anuais. Contudo, a cada ano essas vagas eram distribuídas de maneira desigual entre os alunos que optavam pela Geografia ou pela Geologia. Em 2012, o curso 52 foi extinto e o curso de Geografia (54) passou a ter 20 vagas, totalizando 50 vagas anuais nos cursos de Geografia. Também foi criada a modalidade licenciatura no curso diurno.

 

Até o primeiro semestre de 2017 formaram-se na Unicamp 509 geógrafos e geógrafas, dos quais 116 bacharéis, 103 licenciados e 290 em ambas as modalidades, somando 799 diplomas emitidos: 155 deles no curso diurno e 644 no curso noturno. São profissionais que contribuem para análise da realidade brasileira a partir da ciência geográfica em diversas escalas.

(Texto Gustavo Teramatsu e comissão da XI Semana de Geografia|2018)

 

Referências:

NASCIMENTO, Paulo César. Instituto de Geociências da Unicamp, 30 anos: os desafios de um projeto inovador de ensino e pesquisa. Campinas: IG/Unicamp, 2010. Disponível em: <https://issuu.com/paulocesarnascimento/docs/livro_ig_completo>

Universidade Estadual de Campinas. Deliberação CONSU-A-016/1997, de 27 de julho de 1997. Dispõe sobre a criação do Curso de Graduação em Ciências da Terra. Disponível em: <http://www.pg.unicamp.br/mostra_norma.php?id_norma=2604>

É momento de comemorar duas décadas do ingresso da primeira turma no curso de graduação em Geografia da Universidade Estadual de Campinas, no ano de 1998. Mas também, como não poderia deixar de ser, essa efeméride nos conduz a refletir criticamente sobre o próprio processo de construção do curso de Geografia da Unicamp, ressaltando o protagonismo dos discentes, e a buscar uma resposta para o questionamento provocativo que é colocado como tema central de discussão: em 20 anos, que Geografia construímos?

 

O evento 20 anos, que Geografia construímos? será, portanto, um (re)encontro entre os jovens alunos e os ex-alunos para debater o curso de Geografia, considerando sua historicidade, as sucessivas transformações curriculares, o perfil dos alunos egressos e as novas configurações do trabalho dos geógrafos licenciados e bacharéis.

 

A data escolhida é o dia 29 de maio de 2018, o Dia do Geógrafo.

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Logo produzido por: Rafael Sá

PROGRAMAÇÃO

9:00 h

Mesa de abertura

Prof. Dr. Márcio Cataia, diretor associado do IG

Profa. Dra. Adriana Maria Bernardes da Silva, coordenadora associada de graduação do IG

Convidada: Profa. Dra. Maria Tereza Duarte Paes (Unicamp)

9:30 h

Mesa-redonda 1: A Geografia na Unicamp e em outras Universidades

 "Pensar a Geografia na Unicamp vinte anos após a criação do curso de graduação, em nossa perspectiva, passa pela reflexão da Geografia como filosofia das técnicas e pela abordagem crítica sobre o espaço geográfico proposta por Milton Santos. Essa é uma das propostas do método geográfico que formou muitos geógrafos e geógrafas da Unicamp. Nesse sentido, nossa atuação na Universidade Federal Fluminense – UFF, em Campos dos Goytacazes, no âmbito da graduação e da pós-graduação, damos continuidade a esse método a partir da análise das relações de poder nas cidades fluminenses. Desde modo, as pesquisas sobre o uso do território no Norte Fluminense vêm revelando a difusão desigual do meio técnico-científico- informacional e como as desigualdades territoriais ganham feições regionais e particulares, cujo método geográfico tem profundas contribuições." - Silvana Silva

"De acordo com a proposta da Mesa-redonda, a fala busca correlacionar a minha formação e atuação como geógrafo nos contextos institucionais aos quais elas estiveram intrinsecamente ligadas. Nas comemorações dos 20 anos do curso de Geografia, do qual tive a honra de ser da primeira turma de ingressantes (e da primeira dupla de egressos, juntamente com Heloísa Molina Lopes), o percurso individual se dissolve em uma dimensão coletiva, que é o trabalho de docentes, servidores e discentes que permitiram a criação e a existência deste curso. Da proposta inicial das Ciências da Terra à opção pela formação na disciplina geográfica, os formados pela Unicamp possuem, acredita-se, uma particularidade que permite uma leitura que colabora no avanço da Geografia, para a qual, todavia, a centralidade de São Paulo e Campinas no conjunto do país não pode ser desconsiderada. O trabalho dos geógrafos do fértil século XX nos deixou como herança uma Escola de Geografia brasileira, epistemologicamente renovada e aggiornada com seu tempo histórico e seu contexto social. A Geografia da Unicamp insere-se, portanto, nesse processo e os seus egressos trabalham, hoje, em lugares e instituições as mais distintas, como é o meu caso, em Minas Gerais. Finalmente, é necessário debater a importância da criação de cursos de Geografia (licenciatura, bacharelado e pós-graduação) como uma necessidade ligada às circunstâncias do imenso território brasileiro e suas desigualdades." - Fabio Tozi 

Convidados:

Profa. Dra. Silvana Silva (UFF)

Prof. Dr. Fábio Tozi (Professor do Departamento de Geografia do IGC/UFMG)

Mediador:

Gustavo Teramatsu (Unicamp/DGEO)

horário de almoço - 12h - 14 h

14:00 h - 15:30 h

Mesa-redonda 2: A Licenciatura de Geografia na Unicamp em tempos recentes

- part. I

"A sala de aula é espaço de aprendizagem, e dentro dela não há, não é possível haver, controle absoluto, sendo que pelos seus poros extravasam, a todo momento, linhas de fuga e resistências; a partir dessa consideração, pretendemos apresentar a mesa Redonda a ideia de emancipação, inspirada na pedagogia anarquista e mais especificamente em uma sugestão do revolucionário russo Mikhail Bakunin acerca da liberdade. Contudo, convém esclarecer que não se trata de emancipar o aluno, coisa por demais pretensiosa, mas sim o conteúdo de Geografia, rasurando suas imagens, elevando a crítica a uma prática cotidiana, utilizando os mapas mentais e o corpo do aluno como aconteceres que podem despertar a criatividade, o incômodo e a crítica das desigualdades sócio espaciais – práticas indispensáveis, a nosso ver, para a construção de uma Geografia honesta." - Alexsandro Sgobin

Profa. Msc. Anniele Sarah Ferreira de Freitas (UFF-Campos dos Goytacazes),

Prof. Msc. Alexsandro Sgobin (Estuda Pedagogias Libertárias)

Prof. Msc. André Pasti (Cotuca)

Mediadora:

Profa. Dra. Tania Seneme do Canto

intervalo - 15:30h - 15:45h

15h45 - 18h

Mesa-redonda 2: A Licenciatura de Geografia na Unicamp em tempos recentes

- part. II

"A geografia: isso serve, em primeiro lugar, para a ESCOLA?  

De que forma a geografia acadêmica contribui para a construção da geografia escolar? Como os estudantes desse curso disponibilizam seus saberes dentro das escolas? Como podemos contribuir para que a geografia minimize os prejuízos sociais e políticos diante do que estamos vivendo atualmente?  Essas e outras são algumas propostas de debate para esse encontro cuja preocupação é dividir entre estudantes e colegas de profissão algumas das experiências e sugestões sobre o tema proposto: a construção da geografia. Como uma das primeiras alunas da graduação deste curso, pretendo colaborar utilizando minhas práticas pedagógicas cotidianas que só foram possíveis de serem realizadas a partir da história inaugural do curso Ciências da Terra no ano de 1998." - Carina Merheb

Mestrandas Gabriela Fernandes Jordão, Giovanna Ermani, Jéssica da Silva Rodrigues Cecim e Profa. Msc. Stephanie Rodrigues Panutto (APEGEO - Ateliê de Práticas no Ensino de Geografia)

Carina Merheb (Doutoranda da FE Unicamp e Professora de geografia da Secretaria do Estado de São Paulo)

Mediadora:

Profa. Dra. Tania Seneme do Canto

coffee break - 19 h

19:30h

Mesa-redonda 3: A Geografia e perspectivas do fazer geográfico contemporâneo

"O fazer geográfico, obviamente, depende do que se entende por Geografia, problema central a ser enfrentado aqui. Para contribuir com essa discussão, tratarei em minha intervenção, 1º) sobre os fundamentos dessa discussão e os princípios éticos na produção do conhecimento, abordando o conhecimento geográfico; 2º) a necessidade de discutir a disciplina à partir de um objeto e seu método para argumentar sobre sua unidade e consistência epistemológica e metodológica; 3º) elaborarei sobre um método, ou seja um sistema coerente de ideias, fundamentado nas proposições atuais da Epistemologia, Filosofia da Ciência e Teoria do Conhecimento para, em 4º) concluindo, fazer um convite aos geógrafos para o exercício da Geografia e sua Razão Prática, usando o edifício metodológico da leitura e uso que faço da Geografia Nova." - Maria Adélia de Souza

"Perspectivas para o fazer geográfico contemporâneo : 
O desafio é responder a primeira pergunta refletindo sobre as perspectivas para o fazer geográfico contemporâneo. Instigante o verbo utilizado no título da mesa: fazer e não, saber, como seria o esperado.
Pois bem, como o saber geográfico pode se transformar em ação? Em fazer acontecer... como este saber pode ajudar a entender nosso país? Um país onde uma muçulmana aqui nascida, no Rio de Janeiro, e que hoje vive no Iraque diz preferir morar lá porque teme a violência no Rio de Janeiro. Um país onde 6 brasileiros detêm a riqueza dos 100 bilhões mais pobres (IBGE, 2016). Que tem a maior concentração de renda do mundo. Também dados do IBGE. Onde 1% da população (889 mil brasileiros) recebem mais de 27 mil reais por mês. Ganham 37 vezes mais que a renda média no Brasil (R$2.149,00) metade dos trabalhadores recebem menos que um salário mínimo e onde 50 milhões de pessoas vivem na linha da pobreza. Ou seja 10% dos brasileiros concentrar 43,45 da renda nacional, para 90% ficarem com o restante. E destes, 40% ficam apenas com 10%.
Alguns outros dados igualmente chocantes: somente 20% das famílias brasileiras tem renda per capita acima de mil reais por mês e 10% de R$1.600,00. Compõem a fatia dos brasileiros mais ricos! Como os referenciais teóricos, metodológicos, as ferramentas do saber geográfico podem contribuir para o entendimento desta trágica realidade. No entanto, uma pergunta se faz necessária: para que serve e a quem serve esta compreensão? Do que estou falando? De ciência aplicada? Ciência experimental? A ciência pode ou deve estar a serviço de um melhor entendimento do real visando a transformação do mundo, e obviamente, do lugar em que vivemos? Ou isto é uma falácia? A ciência deve buscar a neutralidade? A produção do conhecimento deve permanecer independente, não pode estar atrelada à forma como este conhecimento será utilizado por aqueles que se apropriarem deste saber.
Este é o desafio que apresento aqui. Discutir uma Geografia comprometida com o futuro, com o porvir, com a construção de lugares socialmente mais igualitários, justos, mais dignos... Dignidade para viver nos diferentes lugares: nos bairros, nas cidades, nos campos... no Brasil, no mundo! 
Portanto, o olhar geográfico precisa ir além do visível. O visível pode nos incomodar? Mas como chegar na sua essência? E transcendê-la, para chegar na compreensão do mundo, de como este visível, que pode nos incomodar foi produzido e como pode ser superado. Para isso precisamos mais do que tudo entendê-lo processualmente, nas suas contradições. Como foi produzido? Por que? Para que serve e a quem serve?"
- Regina Célia Bega dos Santos

 

Convidadas:

Maria Adélia de Souza (Professora Titular de Geografia Humana da USP)

Profa. Dra. Regina Célia Bega dos Santos

Mediadora: Helena Rizzatti Fonseca

 

21:30h Encerramento

Confraternização no Instituto de Geociências com encontro de ex-alunos da Geografia Unicamp e mostra de fotografias no saguão do Instituto de Geociências.

LOCAL

Auditório Biblioteca Cesar Lattes 

SubSolo, Rua Sérgio Buarque de Holanda, 421, Barão Geraldo 

imagem: Sem título. Estudo para não atravessar a ponte antes de chegar ao rio, Francis Alÿs, 2008

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